sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Mensagem


"Era uma vez dois países cortados por um rio, rápido, largo, perigoso, no qual muitos se afogavam ao tentar atravessá-lo. Em um país fluía o leite e o mel - era chamado o país da felicidade. O outro, marcado por brigas e mágoas, era chamado o país da infelicidade. Um dia um homem olhando para o rio, observa que é necessário um meio para atravessa-lo e conclui: - Vou esticar uma corda de uma margem à outra. Mesmo que eu morra ao enfrentar os perigos do rio, não importa, no futuro, outros poderão utilizar-se da corda para atravessar o rio e atingir o país da felicidade. Assim, o homem executa o seu projeto: Encontra uma corda, amarra uma das extremidades em uma árvore, agarra a outra ponta e mergulha na correnteza, lutando contra as água agitadas. Em meio as pedras, galhos e da água turva, caçadores o confundem com um animal e atiram nele. Num último esforço, o homem consegue atingir a outra margem e amarrar a corda a uma árvore. Pela falta de discernimento dos caçadores, ele morre, mas não antes de atingir o seu objetivo. A partir desse momento, tal homem de coragem foi reconhecido por todos. Diziam: - Ele morreu para nos salvar; é digno do nosso amor. Na verdade, rendiam-lhe homenagens, mas poucos tinham sua coragem. -Se segurarmos a corda, não corremos o risco de nos afogar... mas... a água está tão fria e o rio é tão largo... E ainda, ele não retirou as pedras e os galhos do rio; se atravessarmos, corremos o risco de nos ferir. O perigo da travessia continua grande! E assim, no decorrer dos anos, a corda foi esquecida, coberta de algas e de galhos, não era mais visível. A lembrança do herói sobreviveu: o povo construiu monumentos em sua memória, cantou hinos em sua homenagem. Passaram-se gerações, uma, duas, três ... Homens cultos, oradores, doutores, cientistas e letrados falavam da coragem do herói. Mas nunca mais se falou da corda sobre o rio... Os argumentos, os discursos e os ensinamentos dos chamados 'sábios' acabaram criando uma grande confusão. Superstições proliferaram e raros foram os que conseguiram distinguir a verdade. Oradores afirmavam: 'Após a morte, nossa alma voará para o outro lado. Então, por que tanto sacrifício?' Quando o povo ouviu isto, sentiu uma alegria imensa, cobrindo de honrarias os oradores, gritava: - Grande sabedoria ! Nos mostra um caminho fácil. O espírito do herói contemplava os seus irmãos com tristeza. Eles haviam esquecido a corda que ligava o país da infelicidade ao da felicidade e que havia custado sua própria vida. Eles não haviam entendido que todo aquele que atravessasse o rio, encontraria sempre do outro lado alguém que o aguardava para lhe oferecer o mel que ali jorrava, e que lhe mostraria o caminho para a felicidade cuidando com amor dos ferimentos que pudessem ter sido ocasionados pelos galhos e pedras do rio. O país ainda existe...seu povo, ainda surdo, não consegue ouvir o herói que continua a clamar:
- A corda! A corda! ...Acorda...acorda...acorda!!!"