domingo, 7 de outubro de 2007

Correria demais, espiritualidade de menos?
(Rosangela Tamaoki - Londrina/Pr)

Hoje em meio a mil papéis, querendo transformar o dia em 48 horas, tive um momento de pane... Parei... Entrei em choque... Algo estava errado... Não era possível que no meu desejo de cumprir a minha missão, de fazer jus ao meu chamado, a minha vocação... Eu tinha virado uma máquina de execuções...
Não acreditava que de repente também nas “minhas coisas de Igreja”, a correria tinha me alcançado.A falta de tempo já era desculpa para não sair com meu marido, conversar com meus filhos, telefonar para os meus amigos... Os meus livros ficaram esquecidos num canto qualquer... Não havia nem mesmo sobrado tempo para os meus momentos preciosos de paz com Meu Deus e Senhor! O repouso necessário para me refazer... Como silenciar a minha alma, em meio a essa correria, a essa agitação?!
Não, não posso me perder assim... E num momento de lucidez percebi que a hora era agora... Não poderia deixar tudo me envolver a ponto do essencial ter ficado de lado...
Não podia continuar transformando a minha missão num fardo, num peso que me faz arrastar pelos dias afora, que me faz agir simplesmente para cumprir tarefas...escalas... sem ardor... sem a alegria de servir, mas com o peso do “tenho que fazer...”.
Precisava urgentemente retornar ao caminho certo... descobrir as verdades necessárias... viver a verdadeira vida...
Parei no tempo... Ousei empurrar os papéis de lado... esqueci as escalas de trabalho... a agenda não me importei em deixar esquecida na mesa... E saí... Meus passos que antes eram acelerados, agora iam lentos, mas seguros... sabiam aonde me conduzir... sabiam aonde estava o meu oásis...
E Ele estava ali a me esperar como sempre, de braços abertos naquele sacrário, que a luz acesa iluminava a minha escuridão... e a frase surgiu na minha mente como num letreiro de néon: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.
Tudo agora parece ter sentido, ali ajoelhada aos pés do meu Deus e Senhor, eu encontro as minhas respostas... Eu deposito o meu cansaço, meu fardo já não é tão pesado e as horas já não correm tanto, tudo parece estar parado no tempo...
Minhas mãos se unem em prece, mas da minha boca não saem palavras, elas gritam no meu coração... Fico ali esquecida no tempo, envolta pela paz que vem do Senhor, essa paz que meu ser ansiava em meio à correria.Vou me refazendo e meu corpo vai tomando vida, meus ombros já não estão arqueados, meus olhos já não estão embaçados, minha voz já não soa estridente.
E assim como uma “nova criatura” faço o caminho de volta, nada é igual à antes. Sei que tudo estará lá a minha espera, mas sei também que cada coisa tem a sua hora e nela sempre caberá o momento para o meu Senhor e Meu Deus!!
Aprendi que se a minha correria for demais, a minha espiritualidade será de menos. E isso em coisas da Igreja, decididamente não combinam...